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A Datação dos Evangelhos

Conforme vimos, céticos tentam sustentar uma tese segundo a qual os ditos e feitos de Jesus narrados nos Evangelhos foram apenas mitos, compilados tardiamente por autores anônimos, que não eram os quatro evangelistas, muito menos testemunhas oculares da vida de Nosso Senhor.

Para corroborar esta tese, citam não somente a teoria dos Evangelhos Anônimos (que já vimos), mas também a tese da datação tardia. Procuram, então, com ela, colocar a data de escrita dos evangelhos o mais distante possível do período em que viveu Jesus Cristo. É conveniente que se afirme isso, quando se deseja enfraquecer a credibilidade dos manuscritos.

Contudo, há boas evidências que demonstram que os Evangelhos foram escritos muito mais cedo do que muitos acadêmicos críticos alegam. 

Enquanto alguns sugerem que os Evangelhos foram escritos entre 70-100 d.C., Brant Pitre apresenta evidências de que eles foram compostos antes da destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C., ou seja, dentro da primeira geração dos discípulos de Jesus.

Se isso for verdade, significa que os Evangelhos foram escritos quando ainda havia testemunhas oculares vivas, o que reforça sua confiabilidade histórica.

Foto do Papiro 52 (P52), contendo trechos do Evangelho de João. É considerado o texto mais antigo de um evangelho canônico, do qual se tem notícia.

1. O Silêncio sobre a Destruição do Templo de Jerusalém (70 d.C.)

O argumento mais forte de Pitre para uma datação anterior a 70 d.C. é o silêncio dos Evangelhos sobre a destruição do Templo.

A Profecia da Destruição do Templo

Nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus faz uma profecia explícita sobre a destruição do Templo:

“Não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.” (Mateus 24:2; Marcos 13:2; Lucas 21:6)

Essa profecia se cumpriu em 70 d.C., quando os romanos destruíram completamente o Templo de Jerusalém. Se os Evangelhos tivessem sido escritos após esse evento, seria esperado que os autores fizessem alguma referência explícita ao seu cumprimento.

No entanto, nenhum Evangelho menciona o ocorrido, algo altamente improvável se eles tivessem sido escritos depois da destruição do Templo.

Pitre compara isso com outros escritos antigos que mencionam eventos profetizados depois de já terem acontecido, como os escritos de Flávio Josefo. Quando Josefo fala sobre a destruição de Jerusalém, ele não apenas relata a profecia, mas descreve detalhadamente seu cumprimento.

O fato de os Evangelhos não mencionarem que o Templo realmente foi destruído sugere que foram escritos antes desse evento.


2. A Datação de Atos dos Apóstolos e seu Impacto na Data dos Evangelhos

Outro argumento forte de Pitre envolve a relação entre o Evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos.

A Conexão entre Lucas e Atos

  • Lucas e Atos foram escritos pelo mesmo autor (cf. Lucas 1:1-4 e Atos 1:1-2), sendo Atos a continuação de Lucas.
  • Isso significa que Atos foi escrito depois do Evangelho de Lucas.

Por que Atos sugere uma datação precoce?

O livro de Atos termina abruptamente com Paulo ainda vivo, preso em Roma (c. 62 d.C.), sem mencionar:

  1. A morte de Paulo (c. 64-67 d.C.)
  2. A morte de Pedro (c. 64-67 d.C.)
  3. A destruição do Templo (70 d.C.)

Isso é extremamente estranho, pois Atos registra detalhadamente a morte de Estêvão (At 7) e de Tiago (At 12:2). Se Pedro e Paulo já estivessem mortos, seria natural que o autor mencionasse isso.

A explicação mais provável é que Atos foi escrito antes dessas mortes, ou seja, antes de 64-67 d.C. Se Atos foi escrito nesse período, então o Evangelho de Lucas, que veio antes, deve ter sido escrito ainda antes, talvez entre 55-60 d.C.

Se Lucas escreveu seu Evangelho nessa época, então Marcos, que é considerado sua principal fonte, deve ter sido escrito ainda antes, talvez entre 50-55 d.C..

Isso significa que os Evangelhos Sinóticos foram escritos dentro de 20 a 30 anos após a crucificação de Jesus – um período curto em termos históricos, enquanto testemunhas oculares ainda estavam vivas.


3. O Testemunho dos Pais da Igreja sobre a Datação dos Evangelhos

Pitre também recorre aos escritos dos primeiros cristãos para corroborar uma datação precoce dos Evangelhos.

Testemunhos Importantes

  • Clemente de Roma (c. 95 d.C.) – Em sua carta aos Coríntios, Clemente cita os Evangelhos como Escritura já estabelecida, o que indica que foram escritos bem antes disso.
  • Irineu de Lyon (c. 180 d.C.) – Diz que Mateus foi escrito enquanto Pedro e Paulo ainda pregavam (antes de 64 d.C.).
  • Papias (c. 120 d.C.) – Confirma que Marcos escreveu seu Evangelho baseado no testemunho de Pedro, o que indica uma composição anterior à morte de Pedro.

Esses testemunhos reforçam que os Evangelhos não foram escritos tardiamente, mas dentro da primeira geração dos discípulos de Jesus.


4. O Estilo dos Evangelhos Indica uma Datação Precoce

Outro argumento importante de Pitre é que os Evangelhos foram escritos com um estilo típico de relatos de testemunhas oculares, o que sugere uma composição precoce.

Algumas características observadas:

  • Detalhes vívidos e específicos, comuns em relatos de testemunhas diretas.
  • Referências a nomes de personagens que eram conhecidos na Igreja primitiva, como Simão de Cirene e seus filhos (Mc 15:21).
  • Ausência de uma interpretação teológica mais desenvolvida, como a encontrada nos escritos cristãos posteriores.

Esses traços indicam que os Evangelhos não são mitos tardios, mas textos escritos enquanto os eventos ainda estavam frescos na memória dos discípulos.

5. O Uso do "Presente" ao Descrever o Templo

Mateus 5:23-24 → "Se estiveres, pois, apresentando a tua oferta no altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão e depois vem apresentar a tua oferta."

Mateus 24:1-2 → "Jesus saiu do Templo e, enquanto caminhava, seus discípulos aproximaram-se para lhe mostrar as construções do Templo. Mas ele lhes disse: 'Vocês estão vendo tudo isto? Eu lhes garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; todas serão derrubadas.'"

Jesus fala do Templo como se ele ainda estivesse de pé, e os Evangelhos registram Suas palavras sem indicar que a profecia já havia se cumprido.
Se os Evangelhos tivessem sido escritos após 70 d.C., esperaríamos que os autores mencionassem o cumprimento da destruição do Templo, pois isso validaria a profecia de Jesus.
O fato de que não há menção de sua destruição sugere que os Evangelhos foram escritos antes desse evento.

Conclusão: A maneira como o Templo é mencionado implica que ele ainda estava de pé quando os Evangelhos foram escritos.


6. A Expectativa da Volta de Cristo Como Um Evento Próximo

Mateus 16:28 → "Em verdade vos digo que alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do Homem vindo no seu Reino."

Os primeiros cristãos acreditavam que a volta de Cristo ocorreria dentro da geração apostólica (Mateus 24:34).
Esse tipo de expectativa é característica de textos escritos antes da destruição do Templo, quando muitos esperavam o iminente retorno de Jesus.
Se os Evangelhos houvessem sido escritos depois de 70 d.C., quando muitos dos apóstolos já estavam mortos, esperaríamos que os autores tivessem reformulado essa expectativa para evitar uma aparente discrepância teológica.

Conclusão: A expectativa iminente da Parusia sugere que os Evangelhos foram escritos antes de uma geração inteira ter passado.


7. As Cartas de Paulo Citam Tradições Evangélicas

1 Coríntios 11:23-25 → Paulo narra a Última Ceia, em uma tradição idêntica à dos Evangelhos Sinóticos.
1 Coríntios 15:3-8 → Paulo transmite uma tradição primitiva sobre a ressurreição de Jesus, com paralelos nos Evangelhos.

1 Coríntios foi escrita por volta de 55 d.C., e Paulo já cita tradições que aparecem nos Evangelhos.
Isso sugere que os Evangelhos ou as tradições que eles preservam já eram bem conhecidas antes dessa data.
Se os Evangelhos tivessem sido escritos somente depois de 70 d.C., seria estranho que Paulo já estivesse transmitindo detalhes idênticos décadas antes.

Conclusão: O fato de que Paulo usa tradições que aparecem nos Evangelhos indica que esses relatos já circulavam antes de 55 d.C..


8. O Testemunho de Papias e a Tradição da Igreja Primitiva

Papias de Hierápolis (70-163 d.C.), um dos primeiros escritores cristãos, menciona que:
Mateus escreveu um Evangelho "em hebraico" (provavelmente referindo-se a um estágio inicial de Mateus).
Marcos registrou a pregação de Pedro em Roma.

Se Papias, que viveu no final do século I, já recebia essas informações como tradição consolidada, isso sugere que os Evangelhos foram escritos antes dessa geração desaparecer.

Conclusão: O testemunho da Igreja primitiva reforça que os Evangelhos não foram escritos tarde demais, mas sim dentro da primeira geração cristã.


9. A Perseguição Judaica Refletida Nos Evangelhos

Mateus 10:17-18 → Jesus alerta os discípulos: "Guardai-vos dos homens, porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas sinagogas."

Os Evangelhos mostram conflitos intensos entre cristãos e líderes judeus.
Isso faz mais sentido antes da destruição do Templo, quando o judaísmo ainda era uma instituição forte e perseguia cristãos dissidentes.
Após 70 d.C., a maior ameaça aos cristãos passou a ser Roma, mas os Evangelhos ainda refletem perseguição primariamente judaica.


10. A Falta de Referências à Perseguição de Nero (64 d.C.)

Nenhum dos Evangelhos menciona explicitamente a perseguição de Nero contra os cristãos em Roma (64 d.C.).

A perseguição de Nero foi um dos eventos mais traumáticos para os primeiros cristãos, pois levou à execução brutal de Pedro e Paulo. 

Se os Evangelhos tivessem sido escritos depois de 70 d.C., seria esperado que mencionassem a perseguição de Nero para fortalecer a mensagem de sofrimento dos cristãos.

O fato de que nenhuma referência a Nero aparece nos Evangelhos sugere que eles foram escritos antes da perseguição imperial generalizada.

Conclusão: A ausência de qualquer menção a Nero ou à perseguição de Roma indica uma data anterior a 64 d.C..


11. A Simplicidade da Organização da Igreja nos Evangelhos

Os Evangelhos descrevem uma estrutura eclesiástica simples, sem referências a bispos ou organizações avançadas.

Em Atos e nas Cartas de Paulo, já vemos um desenvolvimento progressivo na organização da Igreja, com presbíteros e diáconos (1 Timóteo 3:1-13).
Os Evangelhos, no entanto, ainda refletem um cristianismo mais primitivo, onde os Doze Apóstolos são as únicas autoridades espirituais mencionadas (Mateus 10:1-4).
Se os Evangelhos tivessem sido escritos no final do século I, esperaríamos ver mais evidências do crescimento hierárquico da Igreja, como nos escritos de Clemente de Roma (96 d.C.).

Conclusão: A ausência de uma estrutura eclesiástica avançada indica uma data mais próxima ao ministério apostólico e não décadas depois.


12. O Estilo Linguístico Primitivo e Aramaísmo dos Evangelhos

Os Evangelhos, especialmente Mateus e Marcos, contêm expressões e construções linguísticas que refletem um ambiente judaico-palestino pré-70 d.C.

Presença de aramaísmos → Muitas frases de Jesus aparecem no texto grego transliteradas do aramaico (Marcos 5:41 – "Talitá cumi"; Marcos 15:34 – "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?").
Uso do "Filho do Homem" → Jesus frequentemente se refere a si mesmo dessa forma (Mateus 8:20, Lucas 19:10), uma terminologia judaica que desaparece em escritos cristãos posteriores.
Ausência de conceitos teológicos desenvolvidos → Os Evangelhos são mais narrativos e menos teológicos em comparação com os escritos da segunda geração cristã (como os escritos de Inácio de Antioquia no final do século I).

Conclusão: O estilo linguístico e a presença de elementos judaico-aramaicos indicam uma redação em um período anterior à helenização do cristianismo.


13. O Evangelho de Marcos e a Expectativa da Sobrevivência de Pedro

Marcos 9:1"Alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Reino de Deus vindo com poder."

O Evangelho de Marcos sugere que Pedro ainda estava vivo no momento de sua redação.

Pedro morreu por volta de 64-67 d.C., durante a perseguição de Nero.
Se Marcos tivesse sido escrito depois de 70 d.C., é improvável que o texto mantivesse essa expectativa de sobrevivência de Pedro sem explicações ou ajustes.

Conclusão: O Evangelho de Marcos provavelmente foi escrito antes da morte de Pedro (cerca de 64-67 d.C.).


14. A Evidência dos Manuscritos e Papiros Primitivos

Os papiros mais antigos sugerem que os Evangelhos já circulavam amplamente no final do século I.

Papiro P52 (125-150 d.C.) → Pequeno fragmento do Evangelho de João encontrado no Egito.
Papiros de Oxirrinco (séc. II-III d.C.) → Contêm trechos dos Evangelhos Sinóticos.
Se João já circulava no Egito antes de 150 d.C., os Sinóticos devem ter sido escritos bem antes.

 Conclusão: A rápida disseminação dos manuscritos indica que os Evangelhos foram escritos muito antes do final do século I.


Conclusão: Os Evangelhos Foram Escritos Muito Antes do que os Céticos Alegam

A tese de que os Evangelhos foram escritos entre 70-100 d.C. é enfraquecida por múltiplos fatores:

  1. O silêncio sobre a destruição do Templo sugere que foram escritos antes de 70 d.C.
  2. A conexão entre Lucas e Atos sugere que Atos foi escrito antes de 64 d.C., o que implica que Lucas e Marcos foram escritos antes disso.
  3. Os Pais da Igreja confirmam uma tradição de autoria antiga e indicam que os Evangelhos circulavam já na geração dos apóstolos.
  4. O estilo dos Evangelhos aponta para relatos baseados em testemunhas oculares, e não tradições tardias.
  5. A falta de referência à destruição do Templo (70 d.C.) sugere uma data anterior.
  6. A ausência de menção à perseguição de Nero (64 d.C.) reforça a hipótese de uma escrita anterior.
  7. A organização primitiva da Igreja nos Evangelhos sugere que ainda estavam nos primeiros anos do cristianismo.
  8. A linguagem aramaica e os elementos judaicos indicam um ambiente pré-70 d.C.
  9. A presença de manuscritos antigos dos Evangelhos confirma que já circulavam amplamente no final do século I.

Isso significa que os Evangelhos foram escritos dentro do período de vida das testemunhas oculares, o que fortalece sua confiabilidade histórica e refuta a ideia de que são produtos tardios da Igreja primitiva.

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